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Mil km pedalados, mil km de sementes regadas. Comemoração e reflexão.


Entre o Piauí e o Ceará comemoramos os primeiros mil km pedalados, o primeiro pneu furado e o amadurecimento do projeto Desbikelando.

Nesses mil km foram quatorze atividades realizadas, sendo doze em escolas públicas, mais um grupo de catequistas em Novo Repartimento-PA, e uma galeria de artes onde trabalhamos com alunos de escolas públicas de Marabá-PA.

Constatamos muita coisa que já imaginávamos na questão ambiental da região norte e nordeste: nas duas regiões muitas diferenças climáticas e paisagísticas, mas uma igualdade gigantesca no acolhimento ao projeto. Nunca nos faltou um copo de água ou um lugar para estender a rede e um bom descanso.

Outra igualdade encontrada, infelizmente, foi nas questões sanitárias. Água e esgoto tratado em vários municípios dessas regiões é um luxo. Muito esgoto sem tratamento e com descarte incorreto (e às vezes visível!) são coisas comuns. A lei que determinava o fim dos lixões e o início da coleta seletiva em todos os municípios do Brasil para 2016 também não saiu do papel. Paraísos ecológicos que se tornam turísticos, atraindo muitas pessoas de fora, que são a fonte de renda mais disputada pelos locais e nativos dessas cidades, são base da economia.

Esta é uma cadeia produtiva que não se preocupa com a questão ambiental. O turista vem, o nativo local não tem estrutura para atendê-lo. Monta uma barraca que não paga imposto, mas gera lixo, que é descartado incorretamente. Para a “alegria” de todos, e a incapacidade do poder público em gerenciar essa questão. E no centro de tudo isso, o meio ambiente tendo que degradar um lixo que ficará se decompondo por milhões de anos, ou acumulando água da chuva e aumentando a disseminação de vetores das doenças que estão assombrando as gestantes e fazendo alegria dos fabricantes de repelentes.

É muito visível a dificuldade em se alcançar a plenitude do termo da moda em meio ambiente “o desenvolvimento sustentável”.

As belezas do Brasil precisam ser sustentáveis para muitos interesses contraditórios como, o político, o empreendedor, o turístico e o do povo que busca uma quirela de economia que sobra de tudo isso. Todos esses atores da economia não se preocupam com a distribuição da renda para todos e muito menos com quem vai coletar e reciclar o lixo que sobra dessas atividades.

O projeto Desbikelando está buscando promover o debate ambiental no Brasil, mas sabe que está só regando uma semente. Sem a conscientização da população, que só espera do poder público sem saber cobrá-lo, será difícil uma mudança geral. Estamos passando de escola em escola ao longo de quinze estados do país para regar a semente da conscientização ambiental. Sabemos que é difícil, mas temos mais seis mil km de sementes para regar.

Áreas de APA’s (áreas de proteção ambiental) e parques nacionais têm dificuldades em gerar empregos sem ser com o serviço turístico, a especulação imobiliária cresce e a população local fica sem ter o que fazer. Isso gera falta de sustentabilidade. E ai, fica difícil trabalhar a consciência ambiental da população com bolsos vazios.

Mesmo com todas essas dificuldades nas questões ambientais o projeto segue. E também encontra motivos para continuar acreditando no crescimento da conscientização ambiental do brasileiro.

Pelo litoral do Piauí (o menor do Brasil, são menos de 70 km compensados com belezas incríveis) encontramos pessoas que mesmo sem muita verba e estrutura defendem o meio ambiente com unhas e dentes. Como o pessoal do Pesca Solidaria que trabalha com as colônias de pescadores e cuidam dos ninhos de tartarugas na divisa entre os estados do Piauí e Ceará. Na cidade de Cajueiro da Praia-PI, encontramos uma população orgulhosa por um título conquistado recentemente. O de abrigar o maior cajueiro do mundo, o Cajueiro Rei, desbancando o cajueiro que existe no Rio Grande do Norte por 300 metros quadrados.

Essa cidade é tão calma, tão linda e tão tranquila que abriga um projeto que cuida de um dos animais mais calmos e pacíficos que existem. Difícil de avistá-lo (nós não conseguimos observá-lo) o Peixe-Boi vive a céu aberto nessa região rica em capim agulha, sua refeição predileta. Somente na Flórida-EUA e em Cajueiro da Praia temos esse tipo de atividade com esse animal. É uma experiência única acordar às cinco da manhã para pegar um barco e ir até uma base de observação no meio do mar. Duas horas depois a maré baixa tanto e o mar recua de tal maneira que podemos andar onde estava o mar. É uma experiência tão linda que o fato de não encontrarmos um Peixe-Boi para tirar algumas fotos foi até comemorado como motivo de ter uma volta programada em um futuro próximo.

Após quatro dias intensos em Cajueiro da Praia, sendo fechado com a atividade sobre reflexão ambiental na Unidade Escolar Oscar Lima, uma carona de barco de dez minutos nos levou do Piauí para o Ceará, onde fomos deixados na praia de Camocim-CE para pedalarmos pela maré seca em um visual maravilhoso. Mas essa história fica para a próxima semana.


O pessoal do PIBID da UECE que nos ajudou nas oficinas de criação de músicas e poesias nas escolas João Mattos e Diva Cabral

Em Paulino Neves-MA um exemplo de que o tempo passa bem devagar.

Crianças que brincam nas ruas sem celulares.

Casa na Beira da Transamazônica (BR-230) que nos abrigou. Outro exemplo de tempo que passa lentamente.

Criança Brincando de cavalo de pau na rua.

Casa na beira da estrada entre o Maranhão e o Piauí em que pedimos água e ganhamos dois livros. 

Pausa para a foto na escola Diva Cabral.

Lagoinha-MA. Crianças brincando sem gastar as vidas virtuais e sem pressa.

Bate-bola de fim de tarde em Tutóia-Ma. Aqui o tempo passa bem lento.

O Sossego mora aqui em Paulino Neves-Ma

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